domingo, 16 de dezembro de 2012

MARIA, A CRENTE




Neste Advento, penso que não poderemos deixar de pensar da importância de Maria – a Crente – na obra da salvação e da própria Evangelização.

Deixo, aqui, um pequeno apontamento extraído da obra de Xabier Pikaza Ibarrondo. Poderá, quem quizer, estudar mais pormenorizada e desenvolvidamente aqui.

"Sem dúvida, a actuação poderosa de Deus, que derruba os potentados e exalta os oprimidos, tem de entender-se à luz do Evangelho, pregado e realizado no caminho da Igreja. Por isso, na introdução do seu canto (Magnificat), Lucas tem o cuidado de apresentar Maria como crente " Feliz de ti que acreditaste, porque se vai cumprir tudo o que te foi dito da parte do Senhor" (Lc 1, 45), para além do nível "ventre e peito", onde poderia situá-la numa genealogia do tipo israelita (cf. Lc 11,27-28; 8,19-21).

Maria é a crente por antonomásia. As palavras que lhe disse o Anjo na Anunciação são o princípio e o conteúdo da salvação para os homens. Por isso as recebe numa atitude profunda de Fé. Assim o ratifica Isabel, quando afirma: "Feliz de ti que acreditaste, porque se vai cumprir tudo o que te foi dito da parte do Senhor (Lc 1,45), é dizer, a mesma plenitude messiânica (cf. Lc 1, 31-33). Pois bem, Maria ratifica essa palavra de promessa da sua prima (Isabel) israelita que Deus há-de cumprir o seu compromisso "derrubando do trono os poderosos e exaltando os oprimidos" (Lc 1,53). Assim nos situa no centro do caminho de Jesus, no seu Evangelho.

- Por isso trataremos da mensagem de Jesus como espaço onde se situa a palavra do Magnificat. Jesus introduz-nos no mistério da acção de Deus e apenas a partir do mais profundo dela entenderemos o que quer dizer os famintos e oprimidos, com a inversão escatológica que se anuncia no canto de Maria /cf. LC 6,20-21).

- Mas o Magnificat leva-nos, desde Cristo, até ao espaço da Igreja cristã primitiva. Pelos Actos 1,14 sabemos que maria fez parte dela, recebendo o Espírito pascal de Jesus Cristo. Por isso, as suas palavras hão-de ouvir-se desde o fundo da antiga Igreja palestina que, baseando-se em Jesus, espera a chegada do seu Reino.

- Finalmente, o Magnificat leva-nos até à própria história e à palavra de Maria dentro da Igreja. Pensamos que ela não repete simplesmente uma palavra que existisse de antemão. A sua mensagem tem rasgos especiais que se devem distinguir de outras mensagens daquele tempo, como são o Benedictus y Nunc Dimittis (cf. Lc 1, 67-79; 2,29-32)".

(Para una visão geral do Magnificat, cf. R. E. Brown, El nacimiento del Mesías, Madrid 1982, 369-382; C. Escudero F., Devolver el evangelio a los pobres, Salamanca 1978, 173-222; I. Gomá, El Magníficat. Cántico de la salvación, Madrid 1982; S. Muñoz I., Los cánticos del evangelio de la infancia según san Lucas, Madrid 1983, 61-162. Todos ellos ofrecen extensa bibliografía sobre el tema. Para un estudio más amplio de la temática, cf. C. Larcher, Etudes sur le libre de la Sagesse, Paris 1969. Visión general desde la perspectiva de inmortalidad-resurrección en G. W. E. Nickelsburg, Resurrection, immortality and eternal lile in intertestamental Judaism, Harvard 1972).