terça-feira, 18 de junho de 2013

A RELEVÂNCIA DA MULHER NO CRISTIANISMO (2)


A essência da linguagem machista constitui-se em fazer com que as mulheres não sejam visíveis, de forma que possam ou não ser incluídas em expressões do mundo masculino. Para dificultar ainda mais as coisas, soma-se a isso uma compreensão dos textos machistas, e portanto redutora, na história da interpretação do cristianismo. (Gerd Theissen e Annette Mertz)

As mulheres foram um marco no cristianismo primitivo, tornaram-se lideranças reconhecidas e respeitadas nas comunidades. Numa época em que a mulher não tinha espaço, e não era valorizada, elas actuavam em paridade com os homens.
Este reconhecimento foi feito por Jesus Cristo.

É reconhecido que um estudo sobre a mulher na sociedade antiga não é fácil de se fazer. Até porque as fontes históricas que temos sobre esse tema, na maior parte contêm um perspectiva machista ou, no mínimo, patriarcal.
Dessa forma, é por meio do olhar masculino que o feminino se tornou conhecido. Segundo Theissen, “a essência da linguagem machista constitui-se em fazer com que as mulheres não sejam visíveis, de forma que possam ou não ser incluídas em expressões do mundo masculino. Para dificultar ainda mais as coisas, soma-se a isso uma compreensão dos textos machistas, e portanto redutora, na história da interpretação[1]”.
Em Roma as mulheres nobres podiam andar livremente em público, receber formação educativa e associar-se a alguma associação de mulheres ou de famílias. No entanto, nessas associações, as mulheres aparecem ao lado dos homens.
As mulheres ricas eram requisitadas para fundar clubes masculinos. Nos cultos familiares privados, elas aparecem como “sacerdotisas” ou “líderes”[2].
Em Roma as mulheres alcançaram, num determinado período do império, uma liberdade e autonomia que indignaram posteriores historiadores que viviam num mundo no qual a mulher se havia, novamente, submetido ao poder masculino[3].
Para percebermos essa autonomia da mulher no mundo greco-romano, no mundo judaico-palestiniano e no mundo cristão, teremos de nos concentrar em três espaços importantes: a casa, a família e a religião.
No mundo greco-romano as mulheres não eram consideradas cidadãs. Eram “mães, esposas ou filhas de cidadãos”[4].
A influência da mulher circunscrevia-se ao interior da casa. Porém havia uma diferença entre as mulheres gregas e as romanas. Enquanto as mulheres gregas ficavam encerradas nas suas residências, as romanas podiam acompanhar os maridos a festas e banquetes[5].
Todavia, a casa era o lugar de permanência das mulheres. Os limites dos seus movimentos chegavam até às portas da casa.
Eram responsáveis pela educação dos filhos e pelo bem-estar do marido. Distribuíam os trabalhos pelos escravos, cuidavam da alimentação e do vestuário. Dentro da casa existiam espaços separados para homens e mulheres. À semelhança das mulheres judias, as que pertenciam às classes mais baixas tinham mais liberdade em público; visto terem de trabalhar fora de casa para ajudar o marido[6].
O oikos é o seu domínio. As coisas funcionam em redor da dona da casa e das mulheres que estão à sua volta – filhas, parentes e servas. As práticas e rituais religiosos são presididos pela mulher – orações e libações –, enquanto o homem oferecia os sacrifícios. A dona de casa exerce, no interior da sua casa, a autoridade religiosa sobre as outras mulheres[7].
No casamento, a mulher cumpre a função de mãe, mas o título de mater familiæ, só é adquirido quando dá filhos legítimos ao seu marido. Este título é de grande dignidade para a esposa. Mesmo se o título não for obtido, o direito romano reconhece a sua autonomia e o seu papel de “cidadã”. Já o pai, obtém o título de pater familiæ directamente, por herança do seu pai ou progenitor[8].
No mundo judaico-palestiniano, a mulher dentro de casa significava viver excluída da vida pública. Na casa paterna o lugar das filhas vem sempre depois dos filhos; a formação era limitada: aprendiam trabalhos domésticos, costura, fiação, cuidar dos irmãos mais novos, etc. Tinham a obrigação, para com o pai, de alimentá-lo, dar-lhe de beber, vesti-lo, cobri-lo, ajudá-lo a entrar e sair de casa; na velhice, lavar-lhe o rosto, as mãos e os pés. Não tinham os mesmos direitos que os irmãos. A família judaica era de tradição patriarcal. Tudo é centralizado na figura paterna que goza de total autoridade sobre todos da casa. “O marido é o senhor (ba’al) da mulher.”[9]
As filhas dependiam totalmente do pai, até chegarem à idade de se casar. Até aos doze anos a autoridade do pai é soberana. O pai escolhe o futuro cônjuge e a filha não pode recusá-lo; este tem, ainda, autoridade de vendê-la como escrava. Depois dos doze anos ela torna-se autónoma; pode casar-se sem o consentimento do pai; porém, o dote que o noivo pagava pertencia ao pai. Com o casamento, o pai transferia a autoridade dele para o cônjuge[10].
As mulheres estavam proibidas de servir à mesa quando tinham convidados, com medo de que pudessem exercer influência ao escutarem alguma conversa “reservada”. Esse era um dos motivos para que elas vivessem encerradas no interior da casa, principalmente as solteiras[11].
Os deveres de esposa consistiam em atender às necessidades do lar; cozinhar, lavar, moer, amamentar os filhos, fiar, tecer, arrumar a cama do marido, preparar o banho. Ela era obrigada a obedecer ao marido como seu senhor; essa obediência estava revestida de poder religioso. A falta de filhos era vista como desonra ou castigo divino. Já o facto de ter filhos, principalmente se fossem homens, dava importância à mulher. Sendo mãe, era valorizada[12].
Não participavam da vida pública; eram mães, esposas, donas de casa. Não podiam pronunciar-se publicamente. No templo, havia um lugar reservado para elas. Eram separadas por regras de impureza. Dependendo do lugar em que habitavam podiam ter outras possibilidades.
As regras de decoro proibiam a mulher de se encontrar sozinha com um homem. Não podia cumprimentar nem ser cumprimentada. Um homem não podia olhar para uma mulher casada. Aquela que conversasse com uma pessoa na rua ou fosse vista fora de sua casa podia ser repudiada. As filhas, antes do casamento, deveriam preferivelmente manter-se dentro de casa[13].
Algumas mulheres judias tinham posses financeiras. Podiam construir sinagogas, comprar e libertar escravos e, ainda, exercer a liderança na sinagoga. As mulheres asiáticas que se convertiam ao cristianismo “devem ter esperado ter a mesma influência na comunidade cristã”; principalmente as mulheres ricas. Contudo, também havia mulheres escravas que, dado o seu nível cultural, exerciam funções de “ministros”.
No judaísmo do tempo de Jesus, a mulher cuja família era fiel à lei, não participava da vida pública. Ao sair de casa ela trazia a cabeça coberta por um manto para que os traços do seu rosto não fossem reconhecidos. Portanto, em público elas passavam despercebidas.
Essas regras eram cumpridas mais no contexto urbano e nas classes abastadas. Nos meios mais populares, a mulher precisava de ajudar o marido na sua profissão, inclusive no comércio. Nas zonas rurais, as relações eram mais livres: a mulher ia à fonte, dedicava-se ao trabalho agrícola, comercializava azeitona e outros produtos do campo, servia à mesa. Nada indica que no campo ela mantivesse o hábito de cobrir a cabeça, como na cidade[14].




[1] THEISSEN, Gerd & MERZ, Annette. O Jesus histórico – um manual. São Paulo: Loyola, 2002. p. 243
[2] BRANICK, Vincent. A igreja doméstica nos escritos de Paulo. São Paulo: Paulus, 1994. p. 50-51.
[3] CUNHA, Elenira Aparecida. Por causa do reino dos céus. Tese de Doutoramento. São Paulo: UMESP, 2003. p. 95.
[4] ZAIDMANN, Louise Bruit. As Filhas de Pandora: mulheres e rituais nas cidades. In: DUBY, Georges & PERROT, Michele (Org.). História das mulheres no ocidente. Vol 1. Porto/São Paulo: Afrontamento/Ebradil, 1993. p. 411 - 412.
[5] POMEROY, Sarah B. Diosas, rameras, esposas y esclavas: mujeres em la antigüedad clásica. Madrid: Akal, 1987. p. 192.
[6] STEGEMANN, Ekkehard W. & STEGEMANN, Wolfgang. História social do protocristianismo. São Paulo/São Leopoldo: Paulus/Sinodal, 2004. p. 416. GIORDANI, Mário Curtis. História da Grécia. Petrópolis: Vozes, 1992. p. 248.
[7] ZAIDMANN, Louise Bruit. As Filhas de Pandora: mulheres e rituais nas cidades. In: DUBY, Georges & PERROT, Michele (Org.). História das mulheres no ocidente. Vol 1. Porto/São Paulo: Afrontamento/Ebradil, 1993. p. 452.
[8] THOMAS, Yan. A divisão dos sexos no direito romano. In: DUBY, Georges & PERROT, Michele (Org.). História das mulheres no ocidente. Vol 1. Porto/São Paulo: Afrontamento/Ebradil, 1993. p. 147.
[9] MORIN, Émile. Jesus e as estruturas de seu tempo. São Paulo: Ed. Paulinas, 1984. p. 55.
[10] JEREMIAS, Joaquim. Jerusalém no tempo de Jesus. São Paulo: Ed. Paulinas, 1983. p. 480.
[11] TEPEDINO, Ana Maria. As discípulas de Jesus. Petrópolis: Vozes, 1990. p. 79.
[12] JEREMIAS, Joaquim. Jerusalém no tempo de Jesus. São Paulo: Ed. Paulinas, 1983. p. 485-489.
[13] JEREMIAS, Joaquim. Jerusalém no tempo de Jesus. São Paulo: Ed. Paulinas, 1983. p. 476-77.
[14] JEREMIAS, Joaquim. Jerusalém no tempo de Jesus. São Paulo: Ed. Paulinas, 1983. p. 473-77. GASS, Ildo Bohn. Período grego e vida de Jesus. São Paulo: Cebi/Paulus, 2005. p. 178. STEGEMANN, Ekkehard W. & STEGEMANN, Wolfgang. História social do protocristianismo. São Paulo/São Leopoldo: Paulus/Sinodal, 2004. p. 412-418.

domingo, 16 de junho de 2013

A RELEVÂNCIA DA MULHER NO CRISTIANISMO (1)


Jesus amigo de prostitutas, publicanos, órfãos, viúvas, estrangeiros (samaritana), doentes (leprosos), loucos e escravos – amigo dos marginalizados.


(Dom 11. Ciclo c. Lc 7, 36-8,3). Neste Domingo, Lucas continua a colocar-nos perante o relacionamento de Jesus (Igreja) com as pessoas marginalizadas (neste caso, prostitutas), como nos domingos anteriores o fez com os órfãos, viúvas e estrangeiros.
Trata-se de um tema "complexo", que que se liga com opressão e sexo, moral intimista e moral social ("pecado" pessoal, pecado de dinheiro), mundo e Igreja (podendo-se passar facilmente da prostituição à pornografia infantil, à pederastia e aos lobbies de cariz sexual).
É, além de mais, uma questão de organização ou de ministérios eclesiais; tanto se pode passar do assunto sobre as mulheres "sacerdotes", como assumir a "prostituta recuperada" pelo amor (cf. Lc 7,36-50), às mulheres que "servem" a Jesus e ao evangelho – as primeiras "apóstolas" de Jesus.
Este assunto prossegue uma questão fundamental da vida da Igreja e de toda a humanidade, tema de mulheres e homens, tema de poder e de afecto, de opressão e liberdade. A mensagem de Jesus continua a ser forte.
A prostituição tem tido ao longo da história várias funções entre as quais se podem recordar as do tipo religioso: nos grandes santuários das deusas, da Palestina e da Babilónia até à Índia, costumava haver mulheres e homens: prostitutos sagrados (hierodules), que agiam como um sinal da divindade, iniciadores sexuais dos homens (e mulheres) na arte do amor (neste contexto pode-se falar de Ishtar e Ísis, do casamento sagrado e do tantrismo). Mas, em geral, a prostituição separou-se do culto e converteu-se numa forma de imposição e opressão económica, sexual, afectiva.
Em quase todas as culturas edificadas sob os princípios patriarcais foi tolerada a prostituição das mulheres como forma de regular a sexualidade dos homens e de manter seguras as relações familiares (até meados do século XX era costume justificar a existência dos bordéis como forma de garantir a harmonia da família). Em geral, a mulher casada encontrava-se submetida ao marido e carecia de liberdade afectiva; por isso:
– Nalguns casos, a prostituta pode tornar-se como sinal de mulher libertada;
Mas a imensa maioria das prostitutas acabam por se tornarem meras escravas sexuais.
É destas últimas prostitutas que fala o Evangelho. Ela são mulheres “violadas, dominadas, destruídas”. Numa sociedade patriarcal sempre houve prostitutas; mas o seu número e a opressão sobre elas aumenta nos tempos de crise económico-social e de ruptura familiar, como aquela porque passava a Galileia no tempo de Jesus Cristo. Tinham-se multiplicado as mulheres que estavam sós, sem terra e sem trabalho, sem família e sem possibilidades laborais, sem qualquer outro “capital” que não fosse o seu próprio corpo, num mundo onde só importava a ganância do sistema. A situação social condenava-as à “prostituição”, isto é, ao desenraizamento e à fome, à ignomínia social e à impureza.
É evidente que Jesus, profeta dos pobres e excluídos, teve que se vincular a elas; de uma forma muito especial se relacionou com os impuros e com os demais excluídos da sociedade, com os doentes e com os loucos, com o submundo dos homens e das mulheres condenados pela mesma sociedade à opressão laboral e sexual (que em muitos casos estavam unidas). A relação de Jesus com as prostitutas (e com os publicanos) constitui um dos temas centrais e mais enigmáticos do Evangelho, onde Jesus se compara a João Baptista. Os “justos” de Israel (ou de qualquer sociedade estabelecida) condenam-no por andar com gente de má vida. Jesus defende-se:
– “Os cobradores de impostos e as prostitutas vão preceder-vos no Reino de Deus. João veio até vós, ensinando-vos o caminho da justiça, e não acreditastes nele; mas os publicanos e as meretrizes acreditaram nele. E vós, nem depois de verdes isto, vos arrependestes para acreditar nele” (Mt 21,31-32).
Era um tempo e lugar de escravos (pessoas que tinham de vender-se e faziam-no por motivos de trabalho e subsistência; era um tempo de “pecadores” (pessoas que pareciam e eram impuras, desde as perspectivas de pureza da elite sacerdotal e desde o novo legalismo dos judeus); era um tempo de prostitutas (mulheres sem capacidade e sem possibilidades de um desenvolvimento afectivo e familiar que respondesse às exigências morais e religiosas daquele tempo).
Dizer que Jesus era amigo de publicanos e prostitutas é dizer que era amigo de marginais sociais e morais, de homens e mulheres que não têm nem podem desenvolver o seu próprio trabalho, de tal maneira que vivem por um lado “oprimidos” e por outro prece que oprimem manipulando os outros (os “bons” cidadãos) aparecendo, desta forma, como objectos da exploração e, simultaneamente, do desprezo violento do conjunto da população.
Foi neste “vespeiro” humano que Jesus entrou, tornando-se amigo de prostitutas e publicanos para iniciar com eles o caminho do Reino de Deus – movimento integral, anti cultural, de transformação humana.
Não conheceremos Jesus se não o virmos no contexto e no ambiente das “tabernas” e nos lugares onde se encontravam os “expulsos da sociedade” e onde Jesus conheceu o publicanos e as prostitutas, os enfermos, os loucos e os demais marginalizados, compartilhando com eles o escasso pão e vinho que possuía, oferecendo-lhes o caminho e a esperança.

Jesus e a prostituta (Texto Lucas 7, 36-8, 3)
Um fariseu convidou-o para comer consigo. Entrou em casa do fariseu, e pôs-se à mesa. Ora certa mulher, conhecida naquela cidade como pecadora, ao saber que Ele estava à mesa em casa do fariseu, trouxe um frasco de alabastro com perfume. Colocando-se por detrás dele e chorando, começou a banhar-lhe os pés com lágrimas; enxugava-os com os cabelos e beijava-os, ungindo-os com perfume.
Vendo isto, o fariseu que o convidara disse para consigo: «Se este homem fosse profeta, saberia quem é e de que espécie é a mulher que lhe está a tocar, porque é uma pecadora!»
Então, Jesus disse-lhe: «Simão, tenho uma coisa para te dizer.» «Fala, Mestre» - respondeu ele. «Um prestamista tinha dois devedores: um devia-lhe quinhentos denários e o outro cinquenta. Não tendo eles com que pagar, perdoou aos dois. Qual deles o amará mais?» Simão respondeu: «Aquele a quem perdoou mais, creio eu.» Jesus disse-lhe: «Julgaste bem.» E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: «Vês esta mulher? Entrei em tua casa e não me deste água para os pés; ela, porém, banhou-me os pés com as suas lágrimas e enxugou-os com os seus cabelos. Não me deste um ósculo; mas ela, desde que entrou, não deixou de beijar-me os pés. Não me ungiste a cabeça com óleo, e ela ungiu-me os pés com perfume. Por isso, digo-te que lhe são perdoados os seus muitos pecados, porque muito amou; mas àquele a quem pouco se perdoa pouco ama.» Depois, disse à mulher: «Os teus pecados estão perdoados.»
Começaram, então, os convivas a dizer entre si: «Quem é este que até perdoa os pecados?» E Jesus disse à mulher: «A tua fé te salvou. Vai em paz.»
Em seguida, Jesus ia de cidade em cidade, de aldeia em aldeia, proclamando e anunciando a Boa-Nova do Reino de Deus. Acompanhavam-no os Doze e algumas mulheres, que tinham sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demónios; Joana, mulher de Cuza, administrador de Herodes; Susana e muitas outras, que os serviam com os seus bens.

domingo, 26 de maio de 2013

Santíssima Trindade




Domingo 26 de Maio de 2013

Celebração da Santíssima Trindade

A Santíssima Trindade é Una. Não professamos três deuses, mas um só Deus em três Pessoas. Cada uma das três Pessoas é a substância, a essência ou a natureza divina. As pessoas divinas são distintas entre si pela sua relação de origem: o Pai gera; o Filho é gerado; o Espírito Santo é quem procede. Ou seja, ao Pai atribui-se a criação, ao Filho atribui-se a Redenção e ao Espírito Santo atribui-se a Santificação.
Resumindo, o mistério da Santíssima Trindade é o mistério central da fé e da vida cristã. Só Deus pode dar-se-nos a conhecer, revelando-se como Pai, Filho e Espírito Santo.

Leituras do Dia

Provérbios (8,22-31)
22O SENHOR criou-me, como primícias das suas obras,
desde o princípio, antes que criasse coisa alguma.
23Desde a eternidade fui formada,
desde as origens, antes dos primórdios da terra.
24Ainda não havia os abismos e eu já tinha sido concebida;
ainda as fontes das águas não tinham brotado;
25antes que as montanhas fossem implantadas,
antes de haver outeiros, eu já tinha nascido.
26Ainda Ele não tinha criado a terra nem os campos,
nem os primeiros elementos do mundo.
27Quando Ele formava os céus, ali estava eu;
quando colocava a abóbada por cima do abismo,
28quando condensava as nuvens, nas alturas,
quando continha as fontes do abismo,
29quando fixava ao mar os seus limites,
para que as águas não ultrapassassem a sua orla;
quando assentou os fundamentos da terra,
30eu estava com Ele como arquitecto,
e era o seu encanto, todos os dias,
brincando continuamente em sua presença;
31brincava sobre a superfície da Terra,
e as minhas delícias é estar junto dos seres humanos.

Salmo 8
1Ao director do coro. Sobre a lira de Gat. Salmo de David.

2Ó SENHOR, nosso Deus,
como é admirável o teu nome em toda a terra!
Adorarei a tua majestade, mais alta que os céus.
3Da boca das crianças e dos pequeninos
fizeste uma fortaleza contra os teus inimigos,
para fazer calar os adversários rebeldes.

4Quando contemplo os céus, obra das tuas mãos,
a Lua e as estrelas que Tu criaste:
5que é o homem para te lembrares dele,
o filho do homem para com ele te preocupares?
6Quase fizeste dele um ser divino;
de glória e de honra o coroaste.
7Deste-lhe domínio sobre as obras das tuas mãos,
tudo submeteste a seus pés:
8rebanhos e gado, sem excepção,
e até mesmo os animais bravios;
9as aves do céu e os peixes do mar,
tudo o que percorre os caminhos do oceano.

10Ó SENHOR, nosso Deus,
como é admirável o teu nome em toda a terra!

Carta de S. Paulo aos Romanos (5,1-5)
1Portanto, uma vez que fomos justificados pela fé, estamos em paz com Deus por Nosso Senhor Jesus Cristo. 2Por Ele tivemos acesso, na fé, a esta graça na qual nos encontramos firmemente e nos gloriamos, na esperança da glória de Deus. 3Mais ainda, gloriamo-nos também das tribulações, sabendo que a tribulação produz a paciência, 4a paciência a firmeza, e a firmeza a esperança. 5Ora a esperança não engana, porque o amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.

Evangelho de S. João (16,12-15)
12“Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de as compreender por agora. 13Quando Ele vier, o Espírito da Verdade, há-de guiar-vos para a Verdade completa. Ele não falará por si próprio, mas há-de dar-vos a conhecer quanto ouvir e anunciar-vos o que há-de vir. 14Ele há-de manifestar a minha glória, porque receberá do que é meu e vo-lo dará a conhecer. 15Tudo o que o Pai tem é meu; por isso é que Eu disse: 'Receberá do que é meu e vo-lo dará a conhecer'.”


domingo, 19 de maio de 2013

Pentecostes, "o quinquagésimo dia"





Domingo 19 de Maio de 2013

JUSTIÇA, PAZ e ALEGRIA…!

“É que o Reino de Deus não é uma questão de comer e beber, mas de justiça, paz e alegria no Espírito Santo. E quem deste modo serve a Cristo é agradável a Deus e estimado pelos homens”. (Rom 14.17)

Pentecostes

É uma das celebrações importantes do calendário cristão, e comemora a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos de Jesus Cristo. O Pentecostes é celebrado 50 dias depois do domingo de Páscoa. O dia de Pentecostes ocorre no sétimo dia depois do dia da Ascensão de Jesus. Isto porque Ele ficou quarenta dias após a ressurreição dando os últimos ensinamentos a seus discípulos, somando aos três dias em que ficou na sepultura somam quarenta e três dias, para os cinquenta dias que se completam da páscoa até o último dia da grande festa de Pentecostes, sobram sete dias; e foram estes os dias em que os discípulos permaneceram no cenáculo até a descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes.
Pentecostes está, histórica e simbolicamente, ligado ao festival judaico da colheita, que comemora a entrega dos Dez mandamentos no Monte Sinai cinquenta dias depois do Êxodo. Para os cristãos, o Pentecostes celebra a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos e seguidores de Cristo, através do dom de línguas, como descrito no Novo Testamento, durante aquela celebração judaica do quinquagésimo dia, em Jerusalém. Por esta razão o dia de Pentecostes é às vezes considerado o dia do nascimento da igreja.

Leituras do Dia

Actos dos Apóstolos (2,1-11)
1Quando chegou o dia do Pentecostes, encontravam-se todos reunidos no mesmo lugar. 2De repente, ressoou, vindo do céu, um som comparável ao de forte rajada de vento, que encheu toda a casa onde eles se encontravam.
3Viram então aparecer umas línguas, à maneira de fogo, que se iam dividindo, e poisou uma sobre cada um deles. 4Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes inspirava que se exprimissem.
5Ora, residiam em Jerusalém judeus piedosos provenientes de todas as nações que há debaixo do céu. 6Ao ouvir aquele ruído, a multidão reuniu-se e ficou estupefacta, pois cada um os ouvia falar na sua própria língua.
7Atónitos e maravilhados, diziam: “Mas esses que estão a falar não são todos galileus? 8Que se passa, então, para que cada um de nós os oiça falar na nossa língua materna? 9Partos, medos, elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judeia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, 10da Frígia e da Panfília, do Egipto e das regiões da Líbia cirenaica, colonos de Roma, 11judeus e prosélitos, cretenses e árabes ouvimo-los anunciar, nas nossas línguas, as maravilhas de Deus!”

Salmo 103
1De David.
Bendiz, ó minha alma, o SENHOR,
e todo o meu ser louve o seu nome santo.
2Bendiz, ó minha alma, o SENHOR,
e não esqueças nenhum dos seus benefícios.
3É Ele quem perdoa as tuas culpas
e cura todas as tuas enfermidades.
4É Ele quem resgata a tua vida do túmulo
e te enche de graça e de ternura.
5É Ele quem cumula de bens a tua existência
e te rejuvenesce como a águia.

6O SENHOR defende, com justiça,
o direito de todos os oprimidos.
7Revelou os seus caminhos a Moisés
e as suas maravilhas aos filhos de Israel.
8O SENHOR é misericordioso e compassivo,
é paciente e cheio de amor.
9Não está sempre a repreender-nos,
nem a sua ira dura para sempre.
10Não nos tratou segundo os nossos pecados,
nem nos castigou segundo as nossas culpas.
11Como é grande a distância dos céus à terra,
assim são grandes os seus favores para os que o temem.
12Como o Oriente está afastado do Ocidente,
assim Ele afasta de nós os nossos pecados.
13Como um pai se compadece dos filhos,
assim o SENHOR se compadece dos que o temem.
14Na verdade, Ele sabe de que somos formados;
não se esquece de que somos pó da terra.

15Os dias dos seres humanos são como a erva:
brota como a flor do campo,
16mas, quando sopra o vento sobre ela,
deixa de existir e não se conhece mais o seu lugar.

17Mas o amor do SENHOR é eterno para os que o temem
e a sua justiça chega até aos filhos dos seus filhos,
18para os que guardam a sua aliança
e se lembram de cumprir os seus preceitos.
19O SENHOR estabeleceu nos céus o seu trono
e o seu reino estende-se a tudo o que existe.

20Bendizei o SENHOR, todos os seus anjos,
poderosos mensageiros, que cumpris as suas ordens,
sempre dóceis à sua palavra.
21Bendizei o SENHOR, todo o seu exército de astros,
que sois seus servos e executores da sua vontade.
22Bendizei o SENHOR, todas as suas obras,
em todos os lugares do seu domínio.
Bendiz, ó minha alma, o SENHOR!

1ª Epístola aos Coríntios (12, 3b-7.12-13)
3Por isso, quero que saibais que ninguém, falando sob a acção do Espírito Santo, pode dizer: «Jesus seja anátema», e ninguém pode dizer: “Jesus é Senhor”, senão pelo Espírito Santo.
4Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo; 5há diversidade de serviços, mas o Senhor é o mesmo; 6há diversos modos de agir, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos. 7A cada um é dada a manifestação do Espírito, para proveito comum.
12Pois, como o corpo é um só e tem muitos membros, e todos os membros do corpo, apesar de serem muitos, constituem um só corpo, assim também Cristo. 13De facto, num só Espírito, fomos todos baptizados para formar um só corpo, judeus e gregos, escravos ou livres, e todos bebemos de um só Espírito.

Evangelho segundo S. João (20,19-23)
19Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, com medo das autoridades judaicas, veio Jesus, pôs-se no meio deles e disse-lhes: “A paz esteja convosco!” 20Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o peito. Os discípulos encheram-se de alegria por verem o Senhor. 21E Ele voltou a dizer-lhes: “A paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, também Eu vos envio a vós.” 22Em seguida, soprou sobre eles e disse-lhes: “Recebei o Espírito Santo. 23Àqueles a quem perdoardes os pecados, ficarão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ficarão retidos.”

domingo, 12 de maio de 2013

ASCENSÃO DO SENHOR




Domingo 12 de Maio de 2013

Dia Mundial dos Meios de Comunicação Social

Leituras do Dia

Actos dos Apóstolos (1,1-11)
1No meu primeiro livro, ó Teófilo, narrei as obras e os ensinamentos de Jesus, desde o princípio 2até ao dia em que, depois de ter dado, pelo Espírito Santo, as suas instruções aos Apóstolos que escolhera, foi arrebatado ao Céu.
3A eles também apareceu vivo depois da sua paixão e deu-lhes disso numerosas provas com as suas aparições, durante quarenta dias, e falando-lhes também a respeito do Reino de Deus.
4No decurso de uma refeição que partilhava com eles, ordenou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas que esperassem lá o Prometido do Pai, “do qual – disse Ele – me ouvistes falar. 5João baptizava em água, mas, dentro de pouco tempo, vós sereis baptizados no Espírito Santo.”
6*Estavam todos reunidos, quando lhe perguntaram: “Senhor, é agora que vais restaurar o Reino de Israel?” 7Respondeu-lhes: “Não vos compete saber os tempos nem os momentos que o Pai fixou com a sua autoridade. 8Mas ides receber uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria e até aos confins do mundo.”
9Dito isto, elevou-se à vista deles e uma nuvem subtraiu-o a seus olhos. 10E como estavam com os olhos fixos no céu, para onde Jesus se afastava, surgiram de repente dois homens vestidos de branco, 11que lhes disseram: “Homens da Galileia, porque estais assim a olhar para o céu? Esse Jesus que vos foi arrebatado para o Céu virá da mesma maneira, como agora o vistes partir para o Céu.”

Salmo 46
1Ao director do coro. Dos filhos de Coré,
com voz de soprano. Cântico.
2Deus é o nosso refúgio e a nossa força,
ajuda permanente nos momentos de angústia.

3Por isso, não temos medo, mesmo que a terra trema,
mesmo que as montanhas se afundem no mar;
4mesmo que as águas rujam furiosas
e os montes tremam com o seu embate.

5Um rio, com os seus canais, alegra a cidade de Deus,
a mais santa entre as moradas do Altíssimo.
6Deus está no meio dela, não pode vacilar;
Deus irá em seu auxílio, ao romper do dia.
7As nações murmuram, os reinos agitam-se.
Ele faz ouvir a sua voz e a terra estremece.

8O SENHOR do universo está connosco!
O Deus de Jacob é a nossa fortaleza!

9Vinde e contemplai as obras do SENHOR,
as maravilhas que Ele realizou na terra.
10Ele acaba com as guerras no mundo inteiro,
quebra os arcos e despedaça as lanças,
queima no fogo os escudos!
11Parai! Reconhecei que Eu sou Deus:
dominarei sobre os povos e sobre toda a terra.

12O SENHOR do universo está connosco!
O Deus de Jacob é a nossa fortaleza!

Epístola aos Efésios (1,17-23)
17Que o Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai a quem pertence a glória, vos dê o Espírito de sabedoria e vo-lo revele, para o conhecerdes; 18sejam iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes que esperança nos vem do seu chamamento, que riqueza de glória contém a herança que Ele nos reserva entre os santos 19e como é extraordinariamente grande o seu poder para connosco, os crentes, de acordo com a eficácia da sua força poderosa, 20que eficazmente exerceu em Cristo: ressuscitou-o dos mortos e sentou-o à sua direita, no alto do Céu, 21muito acima de todo o Poder, Principado, Autoridade, Potestade e Dominação e de qualquer outro nome que seja nomeado, não só neste mundo, mas também no que há-de vir. 22Sim, Ele tudo submeteu a seus pés e deu-o, como cabeça que tudo domina, à Igreja, 23que é o seu Corpo, a plenitude daquele que tudo preenche em todos.

Evangelho de S. Lucas (24,46-53)
46e disse-lhes: “Assim está escrito que o Messias havia de sofrer e ressuscitar dentre os mortos, ao terceiro dia; 47que havia de ser anunciada, em seu nome, a conversão para o perdão dos pecados a todos os povos, começando por Jerusalém. 48Vós sois as testemunhas destas coisas. 49E Eu vou mandar sobre vós o que meu Pai prometeu. Entretanto, permanecei na cidade até serdes revestidos com a força do Alto.”
50Depois, levou-os até junto de Betânia e, erguendo as mãos, abençoou-os.
51Enquanto os abençoava, separou-se deles e elevava-se ao Céu.
52E eles, depois de se terem prostrado diante dele, voltaram para Jerusalém com grande alegria.
53E estavam continuamente no templo a bendizer a Deus

domingo, 31 de março de 2013

PÁSCOA





Páscoa [(do hebraico Pessach), significando passagem através do grego Πάσχα] é um evento religioso cristão, normalmente considerado pelas igrejas ligadas a esta corrente religiosa como a maior e a mais importante festa do Cristianismo.

Celebra a ressurreição de Jesus Cristo. Depois de morrer na cruz, seu corpo foi colocado em um sepulcro, onde ali permaneceu por três dias, até sua ressurreição.

Muitos costumes ligados ao período pascal têm origem em festivais pagãos da primavera. Outros vêm da celebração do Pessach, ou Passover, a Páscoa judaica, que é uma das mais importantes festas do calendário judaico, celebrada por 8 dias e onde é comemorado o êxodo dos israelitas do Egipto – da escravidão para a liberdade. Um ritual de passagem, assim como a "passagem" de Cristo, da morte para a vida. (fonte)

Todavia, a grande realidade é-nos transmitida por S. Paulo:

E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé e permaneceis ainda nos vossos pecados. Por conseguinte, aqueles que morreram em Cristo perderam-se. E se nós temos esperança em Cristo apenas para esta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens”. (1 Cor 15,17-19)

Este é o sentido e a essência da nossa vida: Jesus é a nossa esperança e não se limita somente a esta vida. Ele é a garantia da ressurreição – a Vida para além da Morte.

Santa Páscoa. Aleluia!

terça-feira, 26 de março de 2013

VIA-SACRA




Adolfo Pérez Esquivel é um arquitecto, escultor e activista de direitos humanos, agraciado com o Nobel da Paz de 1980.

Percebe-se, pelo seu sentir da “via crucis” a dimensão do cristianismo que, infelizmente, não se pratica, ou melhor – não se vive.

Eis Jesus a caminho do Calvário – Jesus cai pela 3ª vez – na 9ª Estação da Via-Sacra:
Jesus começou sua missão de Reino na Rua Verdadeira, em áreas marginais, suburbanas da Galileia: Entre crianças sem família, mulheres da vida, pobres sem abrigo... Também a igreja do início foi suburbana, estendeu-se entre as camadas inferiores das grandes populações do Império…

A Via-Sacra (Via Crucis) de Pérez Esquivel, ajuda-nos a fazer este itinerário, e assim apresenta-nos Jesus com a cruz pela rua, entre crianças sem lar (meninos da rua) e os jovens desempregados. Eis os cinco momentos-chave do seu itinerário:

- Jesus foi, em geral, o Cristo dos marginalizados: Com eles transporta a cruz, na sua escola aprende a lição messiânica da vida, a densidade real da esperança.

- Nós vimos Jesus como o Cristo das Bandeiras, assumindo e compartilhando o grande protesto dos pobres e insubmissos, as reivindicações dos revoltados que buscam pão, terra e liberdade.

- Nós vimo-lo como o Cristo das Mulheres. Não é o Messias de David, na linha real dos monarcas que buscam o poder para transformar a realidade (com mais poder, mesmo sagrado). É o Cristo-Messias das mulheres que sofrem e mantêm com o seu pranto activo o caminho da história.

- Ele foi o Cristo dos indígenas do planalto andino e de todos os países do mundo, Messias dos agricultores, dos abandonados, dos marginalizados e dos explorados pelo grande desenvolvimento duma agro-indústria, de um capitalismo urbano que destrói a terra e marginaliza os homens do campo.

- Agora, aparece como Cristo dos Explorados Urbanos dos subúrbios das grandes cidades. O peso demográfico da humanidade está a passar do campo para os subúrbios das grandes cidades... Mais da metade da população mundial vive em grandes urbanizações (Rio e Lima, Buenos Aires e Kinshasa ...)

Esta é a experiência cuja imagem queria destacar na 9ª Estação da Via Sacra de P. Esquivel. Cristo mora ali e passa com a sua cruz pelas "ruas" baixas da periferia urbana de um mundo em movimento, mas que não sabe oferecer aos homens e mulheres (e especialmente às crianças) uma possibilidades e perspectivas de crescimento digno e decente.

Para poderem sobreviver alguns trabalham como vendedores ambulantes, distribuem gelados e jornais, limpam janelas e recolhem papel usado... Muitos vivem entre marginais, prostitutas e bandidos, perseguidos por uma polícia que impõe uma tipo de ordem pela força, mas que não educa.

Ia Jesus pela rua, com a cruz da vida e da esperança da ressurreição, perseguido por um tipo de polícia do sistema, entre os vendedores de rua, ao lado de crianças e jovens que dormem ao relento, sob papelão, sem ordem nem família, carregando a cruz, enquanto a maioria se limita a olhá-lo...

Este é o Jesus que disse: “Quem receber um destes meninos em meu nome é a mim que recebe; e quem me receber, não me recebe a mim mas àquele que me enviou” (Mc 9:37). Este é o Jesus que queria plantar o Reino de Deus entre estas pessoas da rua: pobres e doentes, proscritos, crianças sem família. Aqui tem de começar de novo o trabalho da igreja, como sabem centenas e milhares de cristãos que seguem Jesus partilhando com as crianças os caminhos da rua, para oferecer-lhes esperança de um lar.