terça-feira, 17 de janeiro de 2012

A nova "linguagem" do Amor



Foram textos como o que a seguir apresento, que me fizeram repensar seriamente o cristianismo.

Andei muitos anos arredado das "lides" religiosas; afastei-me da Igreja (principalmente da institucional) porque discordava, na generalidade, da sua prática; embora acreditasse em Jesus, não me via a fazer parte integrante dos seus seguidores – cheiravam-me a bafio e sentia a falsidade e artificialidade das suas vidas; os ritos e rituais apresentados colidiam com a vida actual das pessoas; senti, sempre, que as instituições religiosas, o clero e o Vaticano tentavam mostrar uma história de dois mil anos e não a realidade de uma vida que se vive, que rejuvenesce e nos dá ânimo – era, tão somente, um filme. Senti sempre que para se ser Cristão ter-se-ia de ser revolucionário.

Eis a parte final do texto a que referi no princípio:

Veja-se o que se diz no Credo: “Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigénito de Deus, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro. Por ele todas as coisas foram feitas. E, por nós, homens, e para nossa salvação desceu dos céus. E encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem. Também por nós foi crucificado; padeceu e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia e subiu aos céus”. Pergunta-se: e entre o nascimento e a morte na cruz, o que se passou? Não aconteceu nada? Ele não fez nada?

Este é que pode ser e tem sido o grande esquecimento. Tudo começou em São Paulo, que não tinha conhecido o Jesus histórico e, assim, só contactou com o Jesus glorificado, o Senhor, o Kyrios. Foi este Jesus Kyrios (Senhor) que ocupou o centro no quadro de interesses imperiais, como é sabido desde Constantino, e que acabou por legitimar poderes, domínios, guerras, uma Igreja senhorial.

Pensou-se então que bastava prestar-lhe culto – missas, procissões, adorações ao Santíssimo... –, sem a exigência de segui-lo no seu Evangelho do Reino de Deus, no que ele quis e fez com os pecadores, as mulheres, os estrangeiros, na relação com o dinheiro, com a política, os pobres, Deus e a religião. O cristão não precisaria de converter-se.

Há um texto terrível do filósofo agnóstico Max Horkheimer, um dos fundadores da Escola Crítica de Frankfurt: “Jesus morreu pelos homens, não podia guardar-se para si próprio avaramente e pertencia a tudo o que sofre. Os Padres da Igreja fizeram disso uma religião, isto é, fizeram uma religião, que também para o mal (moral) era uma consolação. Desde então isso teve um êxito tal no mundo que pensar em Jesus nada tem a ver com a acção e ainda menos com os que sofrem. Quem lê o Evangelho e não vê que Jesus morreu contra os seus actuais representantes, não sabe ler.” (P. Anselmo Borges)

Não pretendo iniciar a revolução já iniciada por Cristo. Não! Quero simplesmente ser veículo (embora cheio de defeitos) da mensagem de Jesus: Amai-vos uns aos outros. O amor, esse sim, é revolucionário.

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