quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

RELIGIÃO


Podemos considerar, do ponto de vista antropológico e histórico, que a religião (em abstracto) é a atitude assumida pelo homem perante o poder sobrenatural, do qual se sente dependente, como sendo criatura sua. A Religião é, também, um conjunto de sistemas culturais e de crenças, além de visões de mundo, que estabelece os símbolos que relacionam a humanidade com a espiritualidade e os valores morais. As religiões têm, normalmente, narrativas, símbolos, tradições e histórias sagradas que se destinam a dar sentido à vida ou explicar as suas origens e do universo; tendem a provir a moralidade, a ética, as leis religiosas ou um estilo de vida tendencialmente bom.
Cada religião exprime-se por comportamentos colectivos e concebe-se como uma virtude que leva ao desempenho de determinadas obrigações.
Os estudiosos classificam as religiões como religiões naturais e religiões reveladas. As primeiras têm origem meramente humana; são exemplo destas o confucionismo, o hinduísmo e o budismo. As segundas fundamentam-se na Revelação Divina conservada em livros ou documentos próprios (as Sagradas Escrituras); neste último caso consideram-se o cristianismo, o judaísmo e o islamismo.
A palavra religião é muitas vezes usada como sinónimo de ou sistema de crença; todavia, o termo religião difere da crença privada na medida em que tem um aspecto público. A maioria das religiões têm comportamentos organizados, incluindo hierarquias clericais, uma definição do que constitui a adesão ou filiação dos seus membros, congregações de leigos, serviços destinados à veneração de uma entidade ou para a oração, lugares (naturais ou arquitetónicos) e/ou escrituras sagradas. A prática de uma religião pode também incluir comemoração das atividades de um deus ou deuses, sacrifícios, festivais, festas, transe, iniciações, serviços funerários, serviços matrimoniais, meditação, música, arte, dança, serviço público ou outros aspectos da cultura humana.
No âmbito daquilo que se define como religião podem-se encontrar muitas crenças e filosofias diferentes. Apesar de um sentimento idêntico que exerce sobre as pessoas, as diversas religiões do mundo são de facto muito diferentes entre si. Assim, todas as religiões possuem um sistema de crenças no sobrenatural e que envolvem, geralmente, deidades, deuses e demónios. As religiões costumam, embora com narrativas diferentes, possuir relatos sobre a origem do Universo, da Terra, do Homem e sobre o que acontece para além da a morte. A grande maioria das religiões crê na vida após a morte.
Muito mais se poderia dizer sobre religiões. É extremamente importante compreendê-las, aperceber-se das potencialidades e dos ensinamentos que poderão contribuir para a valorização sociológica, ética e moral (independentemente do senso comum que traduz).
Todavia, quero, neste momento, tentar fazer passar uma mensagem sobre um sentimento que tenho vindo a experimentar e que, oportunamente, tentarei explicar mais detalhadamente. Julgo não estar longe da realidade se pensar que os primeiros seguidores de Jesus (os primeiros cristãos) não consideravam terem-se convertido a uma nova religião – eles constituíram-se em Igreja –, isto é, criaram uma assembleia que os estimulava a progredir no bom caminho e onde partilhavam as suas vivências; não tinham hierarquia e o mais destacado dos seus membros era o que mais intensamente servia os outros. Essencialmente, as suas vidas consistiam em fazer aos outros aquilo que gostariam que lhes fizessem a si próprios – amavam-se, como expressão visível do amor a Deus –, não esquecendo os ensinamentos da "Lei antiga" (Antigo Testamento) redefina pelos ensinamentos de Jesus na "Nova Lei" (os Evangelhos).
Ora, se considerar que Religião é o culto prestado a uma divindade, sou levado a pensar que o Cristianismo não deverá ser considerado, simplesmente, como uma religião, mas sim como uma forma de viver. Confundir Religião com Forma de Viver permite dar razão a Marx quando dizia que a religião era o ópio do povo (o que até certo ponto posso concordar) e a Freud quando considerava que a religião era uma neurose colectiva (o que me permito discordar, neste caso).
Abordarei melhor este meu sentir, oportunamente.

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